Sobre o Pastor

Márcio Valadão

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Meu Pai - Algumas lembranças : 50 anos de pastoreio em Lagoinha

Por Ana Paula Valadão

Nascido em BH, em 1948, numa família com mais de seis irmãos. Filho de um sapateiro que calçou Juscelino Kubitscheck em sua posse, Sr. Hele Amaral Valadão e de Dona Arminda Vieira Valadão, que deixou a carreira de professora para ser esposa do sapateiro e se dedicar somente aos filhos e à família. Ele conta como em casa faziam o culto doméstico todos os dias e tinham duas peças de roupas. A mais bonita era sempre para ir à igreja.

Trabalha desde os 7 aninhos. Até hoje, quando vê alguém vendendo uma bandeja de produtos na rua, compra tudo para que a pessoa fique livre e volte para casa mais cedo. “Como gostava quando faziam isso comigo!”. Papai vendia empadas, quindim, que aprendeu a fazer e vendia depois da escola.

Conta que não era bom aluno, pois tinha que trabalhar muito. Leu seu primeiro livro depois que se converteu, na juventude, e tornou-se um leitor voraz. Uma das marcas de sua vida são as horas de estudo no seu escritório, com as paredes repletas de milhares de livros.

Aos 15 anos ficou órfão de pai e se tornou um líder dentro de sua família, sendo até hoje um pastor para seus irmãos. Ele é mais calado, mas demonstra carinho a todos. Como sua mãe, viúva, morava próximo à igreja, passava lá quase todos os dias para um cafezinho e para deixar um dinheirinho. Ajudador, provedor. Volta e meia vai atrás dos irmãos mais novos e que são mais distantes dos outros.

Contam que quando ele nasceu, em casa, sua avó Eunice logo viu que tinha dois dedos do pé colados. A parteira queria cortar, mas a avó disse que não fizesse isso, pois era um sinal de que esse menino era escolhido por Deus para algo muito especial. Aliás, por falar em avó, papai conta que ele era o favorito da vovó, que o chamava de Baby, de tão loirinho que era, como um bebê Johnson. Por isso, entre os irmãos, o apelido dele até hoje é Bei.

Ainda criança brincava de ser pastor e pregava para os irmãos e até para as cadeiras. Sua amizade e afinidade espiritual com as duas irmãs, Ângela e Dayse, durou a vida toda. Na juventude eles evangelizavam juntos na praça, e amavam intensamente as coisas do Senhor.

Criado na Igreja Presbiteriana, aos 17 anos teve sua experiência de novo nascimento e batismo com o Espírito Santo numa vigília na casa de um irmão que era da igreja da Lagoinha. Na mesma noite recebeu sua chamada ministerial e pediu um sinal ao Senhor: Se fosse dispensado do Exército deixaria a loja e a sapataria que havia assumido e estava desenvolvendo bem, e ingressaria no Seminário Teológico. E assim foi. No momento de ser designado para qual sessão do exército iria servir, foi anunciado que havia excesso de contingente.

O tino comercial que já havia feito a fábrica e a loja que herdou do pai crescerem, foi totalmente dedicado à expansão do Reino. Até hoje, já adquiriu mais de 200 imóveis para a igreja, e suas ideias inovadoras continuam a fazer Lagoinha empreender. Mas em seu nome não tem nada além de sua casa. Ele nunca tirou vantagens próprias dos negócios feitos para a igreja, e conta isso como um valor intencional que sempre prezou em resguardar.

Como seminarista do STEB, serviu em dois campos missionários como plantador de igrejas. Martinho Campos, em MG, e em Ponta Grossa no Paraná. Voltava a BH e congregava em Lagoinha, sua igreja que o apoiava nos estudos teológicos.

Serviu como pastor interino enquanto Lagoinha buscava um pastor definitivo, mas o tempo foi passando e os irmãos gostando dos sermões e do pastoreio do jovem recém formado e consagrado pastor. Até que, aos 23 anos, ele foi eleito pastor efetivo.

Sempre honrou as lideranças mais velhas. Conta que por 10 anos continuava a visitar semanalmente o antigo pastor José Rego do Nascimento, que havia sido afastado por motivos de saúde. Com ele pegava conselhos, ouvia direções sobre o que pregar, como ensinar. Nunca ouvimos papai falar mal de outras lideranças, nem daquela época ou das atuais. Isso também é um princípio que ele gosta de ressaltar. Mesmo se houve situações constrangedoras sendo um pastor tão jovem, ele jamais nos transmitiu essas histórias. Apenas contou uma vez que era difícil fazer algumas mudanças devido aos membros mais velhos da igreja, e ele sendo tão jovem. Mas, pouco a pouco, foi alcançando o favor diante de todos e se tornou o líder inovador e empreendedor que trouxe Lagoinha até aqui.

Papai sempre foi um homem manso. Mamãe nunca ouviu gritos ou palavras desrespeitosas dele. Um pai muito carinhoso, que gosta de receber “pulguinha”, uma expressão que vem da sua família de origem, pois significa um cafuné feito com a mão bem leve, semelhante ao movimento de uma pulga (a família era muito pobre e naquela época era comum conviver com isso). Graças a Deus já não lidamos com pulgas como antigamente, mas ficamos com o carinho da mão leve que carrega esse nome.

Papai também sempre foi muito sábio. Ele pode se assentar e conversar com qualquer pessoa, rico ou pobre. Não chama ninguém pelo título, e gosta de dizer que em Lagoinha as pessoas não são conhecidas por seus títulos e status social, e que somos heterogêneos, ou seja, ao lado de um médico está uma faxineira, e nos assentamos todos juntos nos bancos do culto. Papai fala que nunca deu recados no púlpito, que não prega para quem não está ali, que não se envolve em política, e que não fica elogiando pessoas ricas ou com títulos como se a igreja dependesse delas. Aliás, ele sempre diz que o que sustentou a igreja até aqui foram as ofertas da viúva pobre.

Lembro de uma vez que fomos visitar uma família de um homem bem rico que ainda não era convertido. A esposa já ia à igreja e pediu a visita pastoral, mas tinha mito receio de como seria a reação do esposo. Fomos todos. Ao invés do papai evangelizar o homem, lembro que conversou sobre todo tipo de assunto que aquele senhor gostava. Comemos, rimos. Quando saímos da casa eu não podia entender por que não foi direto ao ponto. No próximo Domingo lá estava aquele homem. Entregou-se a Cristo, e se tornou como um avô para nós, muito atuante e presente na vida da igreja, ganho pela visita do pastor que “não pregou para ele”.

Lembro do papai me levando a visitas na favela. Lembro também de ir com ele a mansões. Sempre o mesmo com todos. Nos levava a hospitais, velórios, aniversários, casamentos, mas não a muitas festas. Papai sempre foi um homem muito discreto e de pouca vida social além da igreja. Mas, gosta muito de gente e seu gabinete pastoral e sua agenda de reuniões sempre estiveram repletos de encontros com gente.

Sobre reconhecimento, papai é muito discreto também. Mamãe conta que só ficou sabendo de algumas homenagens importantes que ele recebeu depois que o evento passou, pois ele nunca deu muita atenção para essas cerimônias. Acho que é algo inconsciente que ele faz para proteger o coração. Ele guarda todos os prêmios, medalhas de honra ao mérito, mas não se gaba de nenhum título e nem chama as pessoas pelos títulos que elas têm. Papai não exige tratamento diferenciado, e trata todos igualmente.

Cantarola o dia inteiro, ainda que não seja muito afinado. Sempre brinca que não dei a ele a oportunidade de gravar uma música no Diante do Trono ainda. Mas sua atitude “de bem com a vida”, que desperta todas as manhãs com alegria e canta “deixa a Luz do Céu entrar, deixa o sol em ti nascer, abre bem a porta do teu coração, deixa a Luz do Céu entrar” - enquanto abre as cortinas e as janelas da casa toda - fazem com que esse adorador impacte a vida de todos ao seu redor demonstrando que o temor do Senhor, nas palavras, na forma como lida com dinheiro e fama e poder, soam mais alto que uma canção.

Para os netos, é um avô bem disposto e animado. Quando o neto primogênito chegou o avô era mais novo e por isso até andava de quatro com o Isaque montado como cowboy no vovô cavalinho. Mas não se enganem. Já está na netinha número 8, e ainda brinca, senta no chão, leva para passear no parque, sai para comprar brinquedo no shopping, e enche a geladeira e a despensa das guloseimas que cada um gosta. Vocês precisam ver com que carinho cuida da cadelinha, a Joy. E é também um marido muito atencioso, que leva até lanchinho na bandeja para a Dona Renata.

Suas caminhadas na lagoa da Pampulha são conhecidas. Sai sorrindo e cumprimentando a todos, crentes e não crentes, que passam por ele e acenam nos carros, buzinam nos caminhões, param suas bicicletas. Papai para e toma uma água de coco, e como sempre acontece, pergunta se o vendedor já entregou a vida a Jesus e o convida a ir na igreja. Ele puxa papo e evangeliza todo caixa de supermercado e qualquer atendente numa lanchonete, no balcão da consulta médica, ou numa loja onde vá comprar um doce para os netinhos.

Quem trabalha com ele sabe que é detalhista. Vai dando corda para voar, mas não perde a gente de vista. Gosta de ver a coisa crescer. Mas se achar que é preciso, puxa de volta e muda tudo. Parece que tem mil olhos. Lembro de uma vez em que subíamos de carro a rua lateral da entrada principal da igreja e de repente papai freou. Ligou imediatamente na zeladoria para dizer que tinha uma garrafa entupindo o cano na parede da igreja. Fiquei impressionada.

Hoje ele está mais em casa, mas o telefone e a internet o fazem participar de praticamente tudo. É atento a ponto de estar assistindo à transmissão de um culto e ligar para o diretor de vídeo: “muda o ângulo dessa câmera, filho”. Papai gosta de saber de tudo, delega e confia, mas tem tanta gente sob sua liderança, que ser tão presente se torna algo impossível. Por isso lembro de reuniões em que ele costumava dizer: “Pra facilitar a situação, sabe aquilo que não querem que eu saiba, é exatamente isso que eu preciso que contem para mim”, além dos testemunhos que alegram qualquer coração, com certeza.

Papai ama celebrar a abertura das novas igrejas. Cada vez que conversamos ele atualiza o número de Lagoinhas ao redor do mundo e se alegra ainda mais quando fala de alguma igreja nas nações. Ele sempre amou missões e sua roupa favorita são as típicas das nações. Quando estivemos juntos na Indonésia ele viu que os ternos naquele país tão quente e tropical, eram blusas finas e coloridas. Desde então são as que ele mais gosta, e vou atualizando o estoque. Quando o elogio, ou alguém mais diz que a camisa é bonita, ele responde: “Alguém que me ama muito é que me deu”. Fiquei sabendo que já encomendou umas sete vestes que as irmãs da Lagoinha Nepal estão fazendo para ele. Eu trouxe algumas novas de Angola, e daqui pra frente fica a dica: a Lagoinha Global pode ser a fornecedora do guarda roupa preferido do Pastor.

São tantas histórias… mas deixo aqui algumas, desse homem tão terno, tão meigo, e ao mesmo tempo tão forte. Papai é perdoador, sempre pronto a relevar o erro para uma segunda, terceira, milésima chance, para que a ovelha volte a fazer parte do rebanho sob seu pastoreio e no seu time de líderes. Na família, sempre apoiador, não cria controvérsias, sempre com a porta aberta para os filhos irem, voarem, voltarem, encontrarem pouso, e como ele sempre diz: “essa é a sua casa”. E quando nós dizemos: “Te amo, pai”, ele responde: “Eu muito mais”.

Jubileu, 50 anos, tempo de perdão, libertação dos escravos, restituição. Nessa caminhada à frente de Lagoinha não foram poucas as lágrimas que já o vi chorar, erros, acertos, chegadas, partidas. Mas que esse seja o tempo de celebrar as alegrias, e de viver essa restauração tão poderosa que marca um Jubileu, que abre o caminho para os próximos anos de muitas bençãos que estão por vir para todos debaixo do Legado que ele tão dedicadamente construiu.

Obrigada, pai, nosso pa(i)stor Márcio.

Seleção de 

Vídeos

Aniversário do Pastor Márcio (Anos 90)

Pregação: Quem faz parte da Igreja (1994)

Pregação : A transformação do evangelho (1997)

Garoto Bruno profetiza sobre a vida do Pr. Márcio

Chegada do site Lagoinha.com

Pregação : O voto com propósito

Pr. Márcio recebe palavra profética em Culto Fé

Como Agir na Tribulação

Nós Proclamamos Jesus Cristo e Este crucificado

50 anos em

Recordações

Um super

Documentário

A extraordinária jornada de um homem simples. No dia 5 de setembro, chega ao YouTube e à Rede Super de Televisão a inédita produção “Márcio - É como termina que se conta”.

Uma minisérie documental em cinco episódios que conta a trajetória de um dos maiores líderes da história da igreja brasileira. A rotina, as opiniões, as escolhas e os direcionamentos. Da personalidade aos bastidores, dos erros aos acertos, das dores aos momentos de celebração, o pastor e o homem por trás do púlpito.

A história é contada por Márcio e outras dezenas de pessoas. Em relatos inéditos, familiares, amigos, colegas de ministério, ovelhas e líderes de todo o mundo ajudam a mostrar quem é Márcio Valadão e o impacto do seu inegociável compromisso com o Evangelho. Muito mais do que o passado, um documentário que fala sobre o presente e o futuro de um homem que tem sonhos para viver até 100 anos.

Uma mentoria para ministros. Uma inspiração para qualquer cristão.

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